sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Cheiro intenso


Era manhã. O sol recém-nascido, levantava-se lentamente, espreguiçando-se.

A brisa acompanhada do cheiro intenso a café, envolvia-nos maternalmente nos seus braços e transportava-nos para tempos remotos, em que tudo era perfeito e se podia apreciar os momentos de tranquilidade.
Nós saímos de casa. Passámos pelo jardim até chegar à saída e sentimos o aroma das rosas. O perfume era suave, fresco e tranquilizante. Aquele era o jardim que eu sempre me refugiava quando precisava de me sentir protegida. Era o ar puro que me embalava na sua brisa aromática, eram as folhas das árvores que me proporcionavam a sombra inquietante.
Os cheiros eram a alma daquela casa. A casa onde sempre vivi. Sempre me lembro de ter vários cheiros, mas havia apenas um que se distinguia, um cheiro já adotado, característico daquele lugar.
Ao longo do tempo o sol deixou de nascer e a sombra tornou-se maior. Os cheiros extinguiram-se. As rosas murcharam.
A alma da casa secou.